O que um ator faz para não ficar empolgado durante uma cena de amor?

Bom, isto depende de uma série de coisas…

Eu me lembro de uma conversa que tive com a Ana Paula Arósio, enquanto esperávamos para gravar uma cena durante a minissérie “Um só Coração”. Estávamos falando sobre a grande rotatividade de casais no nosso meio, e eu perguntei por que ela achava que isto acontecia. E ela respondeu “É fácil: vivemos num meio em que a beleza de nossos colegas está sempre acima da média, e em que precisamos interagir intimamente com eles. É natural que apareça alguma atração.”.

Não posso concordar menos, aliás, conheci minha esposa numa sala de ensaio. Mas… Não é sempre que as tentações são “tentações”.

Eu me lembro de, logo no começo da minha formação de ator, ter que fazer a primeira cena de amor de toda a minha turma. Ou seja, ninguém tinha feito outra cena, não tínhamos parâmetro algum e, pior: eu e a atriz com quem tive que contracenar nos odiávamos. Foi uma experiência esquisitíssima… Porque, realmente, eu tive que atuar. Não tive prazer algum naquela cena, muito pelo contrário — e imagino que a atriz também.

De lá em diante, ainda na escola de teatro, todas as minhas cenas de amor (tive cenas assim em todas as peças que fiz até me formar) foram com a mesma atriz. E era uma atriz linda, a garota mais bonita da turma. Só que… Nós não tínhamos química nenhuma na vida real. Devíamos ter em cena, já que todos os cinco diretores com quem trabalhamos nos escolheram como par, mas fora do palco……