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Júpiter, o Homem Nu e o Buraco Negro

Juliano Righetto
4 min readMay 17, 2020

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Michel, faxineiro da Cronos, a nave enviada até Júpiter para investigar a estranha anomalia que estava fazendo o planeta encolher, foi acordado com o estridente sinal de alerta. A nave, em órbita próxima, fora bombardeada por ondas gravitacionais, disse o capitão pelo intercomunicador. Algo grande estava para acontecer.

Michel levantou-se e saiu de sua cabine do jeito que estava dormindo. Nu. Não importava. Ele, já na meia idade, era um homem frustrado. Nada do que tinha feito até ali dera certo. Acabou topando ser faxineiro de uma nave não tão glamourosa assim só para poder, de alguma maneira, participar da descoberta de algo fantástico. Até ali, porém, a única coisa que a nave havia feito foi investigar os tênues anéis de Júpiter.

E bota tênue nisto…

Os astronautas encarregados das missões extra-veiculares voltavam sempre cobertos de pó, acumulado apenas por navegar entre os anéis.

E este pó caía no chão da Cronos.

E, a partir dali, passava a ser obrigação de Michel limpá-lo.

Cansado de tanto esfregar o chão e as placas de gravidade artificial, Michel já tinha pedido transferência para a cozinha, sem sucesso. Trabalhar nos sensores? Nem pensar. A única vaga disponível estava na manutenção dos motores, nos bocais de ejeção neutrônica. Em outras palavras, ele continuaria a ser faxineiro, mas trabalhando do lado de fora da nave, e correndo risco de vida.

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Written by Juliano Righetto

“We are nearsighted because we are brief.” Actor, Screenwriter, Author, Top Writer 2019 and 2020 on Quora in Portuguese with more than 26 million views.

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