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Adeus, Raymundinha…

Juliano Righetto
3 min readAug 1, 2020

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Raymundinha, querida…

Você conviveu comigo diariamente por trinta e três anos. Começou a trabalhar na minha casa quando eu ainda era uma criança. Viu meu sofrimento quando namorei com a malfadada “namorada do americano”. Me deu carinho, atenção… Disse que eu ainda tinha a vida toda pela frente, e que teria muitos outros amores para viver.

Estava certa.

Você foi uma grande amiga da minha avó, que por sua vez era uma das pessoas mais rigorosas em suas amizades que já conheci. Quantas vezes não as ouvi rindo na cozinha, enquanto preparavam algo delicioso para comermos? Você chorou sua morte, em 2002, e foi se despedir dela por mim, já que eu estava no Rio de Janeiro gravando e não podia voltar para São Paulo.

Dizer que você é parte da minha família é pouco.

Ainda me lembro bem de quando você disse que já não tinha mais disposição para trabalhar todos os dias e que se aposentaria. E, também, de quando disse, logo depois, que não aguentava ficar em casa e precisava voltar a trabalhar. Decidimos que você viria apenas alguns dias da semana, e todos ficamos felizes. A família continuaria unida!

Você estava aqui, em seus últimos dias trabalhando conosco, quando o Zeca se foi… Um dos dias mais tristes da minha vida. E, depois, entristeci ainda mais, porque você parou de trabalhar conosco. Também, já tinha mais de setenta anos… Só continuava porque gostava muito da gente, assim como nós de você.

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Juliano Righetto
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Written by Juliano Righetto

“We are nearsighted because we are brief.” Actor, Screenwriter, Author, Top Writer 2019 and 2020 on Quora in Portuguese with more than 26 million views.

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