A Boa-Ação-Gafe

No início dos anos noventa trabalhei em uma loja chamada “Pakalolo”. Era uma surfwear, roupa de surfista. Delícia de lugar, éramos uma equipe entrosadíssima, íamos trabalhar como quem vai a um clube.

Não me entenda mal, nós nos divertíamos mas trabalhávamos, e MUITO. Os mais velhos podem se lembrar da Pakalolo, para os mais jovens, cabe uma explicação: esta loja foi um fenômeno, vivia cheia, a ponto de termos que contratar seguranças para organizar a fila de pessoas que se formava do lado de fora. Então estávamos sempre muito ocupados, com a loja lotada.

Dito isto, uns seis meses depois que tinha começado a trabalhar lá, os donos resolveram alugar uma nova loja no shopping e abrir uma “Pakalolo Júnior”, nossa versão para roupas infantis. Metade da equipe original ficou na loja para adultos, a outra foi para a Júnior. E foi lá que a história aconteceu…:

Num dia de MUITO movimento, a loja estava o caos. Mal se conseguia andar lá dentro, o ar condicionado não dava conta, o calor enlouquecia clientes e funcionários… Uma amiga minha, vendedora, que estava atendendo umas cinco pessoas ao mesmo tempo, notou que uma criança parecia perdida no meio da multidão. Ela ficou reparando na criança enquanto terminava os atendimentos, com medo dela ter se perdido dos pais. Alguns minutos se passaram e a criança continuava sozinha… Minha amiga não teve dúvidas. Foi até a criança, pegou-a no colo, e o seguinte diálogo aconteceu:

Vendedora — Calma, meu bem! Eu vou encontrar seus pais!